26.7.11

Ernestas Noreika - intro


(soon)

Ernestas Noreika - poezija I

gelsva išpažintis

kiekvienoje lemputėje slepiasi dykuma
kurioje mažasis princas aštriu liežuviu
nudūrė grožį
ir liovėsi žydėti kupranugariai apaugo
kalvom už kurių archimedas slepia
saulės sraigtą
tik karštis beprotiškas karštis moteriškos
aistros kailyje žiūrintis miražu į kūnišką
geidulio virpėjimą
ir kartais taip keista taip kaista sandalai
iš gyvatės odos pagaminti slystantys
smiltelių dėžutėmis
kurios slepia mažojo princo avių kaimenes
kurios slepia saulės planetų bendravimą
ir rožės akis
stebiu kaip keičiasi termometro skaičiai
guliu visas baltas kokaino veidu
kol mirtis praranda
nekaltybę
mano
kūne


****************


a confissão amarelada

o deserto esconde-se em cada lâmpada
lá o pequeno príncipe com língua afiada
golpeou a beleza
e os camelos pararam o florescimento, fizeram crescer
as montanhas onde se esconde arquimedes
o parafuso do sol
só o calor, o louco calor da mulher
na pele da paixão como miragem dentro
da vibração carnal da luxúria
e algumas vezes é tão estranho as sandálias ferverem tanto
feitas de pele de cobra rastejando
sobre caixas pequenas contendo grãos de areia
elas escondem o rebanho de ovelhas do pequeno príncipe
elas escondem a comunicação entre os planetas do sol
e também os olhos da rosa
observo como mudam os números do termómetro
deito-me todo branco com cara de cocaína
até a morte perder
a virgindade
no meu
corpo

Iš lietuvių kalbos vertė Diana Jablonskaja ir Nuno Guimarães

24.7.11

valter hugo mãe - intro


valter hugo mãe é o nome artístico do escritor Valter Hugo Mãe Além de escritor é editor, artista plástico, cantor e DJ português.

valter hugo mãe (propositadamente escrito em minúsculas) nasceu numa cidade angolana outrora chamada Henrique de Carvalho actual Saurimo.

Passou a infância em Paços de Ferreira e em 1980 mudou-se para Vila do Conde. Licenciou-se em Direito e fez uma pós-graduação em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea.

Em 1999 fundou com Jorge Reis Sá a Quasi. Em 2001, ainda na Quasi, co-dirige a revista Apeadeiro e em 2006 funda a editora Objecto Cardíaco. Em 2007 atingiu o reconhecimento público com a atribuição do Prémio Literário José Saramago, durante a entrega do qual o próprio José Saramago considerou o romance o remorso de baltazar serapião um verdadeiro "tsunami literário". Entretanto começa a escrever letras para canções e em 2008 funda, com Miguel Pedro e António Rafael, do grupo Mão Morta, a banda Governo, onde assume a função de vocalista.

Últimas publicações:

  • A Máquina de Fazer Espanhóis

2010 Objectiva

  • O Remorso de Baltazar Serapião

2009 Quidnovi

  • O Nosso Reino

2009 Quidnovi

  • A História do Homem Calado

2009 Booklândia

  • A Verdadeira História dos Pássaros

2009 Booklândia

  • Contos Policiais

2008 Porto Editora

  • O Apocalipse dos trabalhadores

2008 Quidnovi

  • São Salvador do Mundo

2008 Edições Gailivro

  • O Remorso de Baltazar Serapião


valter hugo mãe - poezija I

a importância absoluta de encontrar um amigo


no início o bruno era o

verbo, depois, veio do fundo
da paisagem e depositou-se em
movimento por toda a parte, apenas
a seguir se criaram os animais e
as plantas e toda a evolução das
espécies aconteceu



absoliuti svarba surasti draugą


pradžioje bruno buvo

veiksmažodis, vėliau, atėjo iš peizažo

gilumos ir nusėdo

judesyje visur, tiktai

po to buvo sukurti gyvūnai ir

augalai ir visa rūšių

evoliucija įvyko




no céu da boca


a morte não me

assusta, hei-de voar-lhe
no céu da boca
assim que se prepare para
me engolir



burnos danguje (gomuryje)

mirtis manęs

negąsdina, aš skrisiu jos

burnos danguje (gomuryje)

kai ji bus pasiruošusi

mane praryti




o sol vai apagar-se


o sol vai apagar-se e o
universo implodir. só por isso
hesito em escrever poesia, três
minutos antes de a maré encher

deito o corpo, invento asas,
passei a idade de tudo o que
há-de vir



saulė ketina užgesti

saulė ketina užgesti ir
visata susitrauks. būtent todėl

dvejoju rašyti poeziją, trys

minutės iki patvinstant jūrai

palieku kūną, išgalvoju sparnus,

praėjau amžių visko, kas

dar įvyks


Iš portugalų kalbos vertė Giedrė Šadeikaitė.

23.7.11

Irna Labokė - intro


(soon, all the information)

Rūta Brokert - intro


(soon, all the information)

22.7.11

Rūta Brokert - Poezija I

Pasikalbėjimai

I
kai drugio kulka it šaltos ugnelės
nutvieskia naktį skaisčiais fejerverkais
sakai – kaip gražu – – – –

– – – – sakau – tik gražu
nes visos metaforos – niekas
prieš gyvą vikšrelio kokoną
arba sudygusį šviną

po delnu sutvinksi drugio kulka
sakai – pasiklydo – – – –

II
sakai, – mirtis netikra
tai lyg skują įmynus į žemę
ar lašui lietaus išgaravus į dangų –
ūglių pirštai jau rašo gyvybę
ant žiedadulkėm kvepiančio vėjo

sakau – nebe tai – – – –

III
šiandien taip neramu kad rašau tau žinutę –
klausiu kaip gyveni ar kišenėje dar
tebeauga kaštonas ir gilė

rašau, kad išbalusi nago dėmelė
tapo lauku nužydėjusių pienių
jų koteliai sausi ir išsekę

klausiu kaip gyveni nors žinau
kad nebūna tiesos tiktai tiesės
jos gyvos pulsuoja ir auga

nuo nago dėmelės ligi kaštono vainiko
vertikalios sekundos gilę daigina
tarp jos ir pienės pūkelių – tūkstančiai tiesių

klausei – kaip gyvenu
atsakau – tebūnie

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Conversações
I
quando uma bala de borboleta como fogos frios
acende a noite em fogos-de-artifício puros
dizes-me: que bonito... ...

... .... digo: só bonito
porque todas as metáforas são nada
comparadas com o casulo de uma larva viva
ou um chumbo germinado

debaixo da palma da mão pulsa uma bala de borboleta
dizes-me: perdeu-se... ...

II
dizes-me: a morte é falsa
é como um cone plantado na terra
ou uma gota de chuva evaporada para o céu -
dedos de rebentos já escrevem a vida
no vento perfumado com pólen

digo: já não é isso... ...

III
hoje estou tão preocupada que estou a escrever-te uma mensagem -
pergunto como estás, se no teu bolso
continuam a crescer a castanha e a bolota

estou a escrever que a mancha pálida da unha
se tornou no campo dos dentes-de-leão desbotados
os seus caules são secos e pobres

estou a perguntar como estás, mas eu sei
que a verdade não existe, só linhas
são vivas, pulsantes e crescentes

da mancha pálida até à coroa da castanha
as segundas verticais germinam a bolota
entre ela e as felpas do dente-de-leão - milhares de linhas

perguntaste: como estou eu
respondo: assim seja

Iš lietuvių kalbos vertė Margarita Kornejeva ir Nuno Guimarães

Irna Labokė - Poezija I

my castle *

timotėjau – my castle*
pareiki
jau bengališkos ugnys –
ruduo
aš lengva –
serafimų aš vaikas
mano šimtas sparnų
lyg akmuo

be tavęs – – –

intervalai dygliuoti
karnavalų šešėlių –
žiūrėk
mano protas –
išsekęs ąsotis
paralelinė siela –
kalė –

toks pašėlęs aštrumas
mažorų –
timotėjau –
meiluži rudens – – –

serafimo sparnų
nebenoriu –
pasiilgau akmens
ant akmens

* my castle – mano tvirtovė
2006

Seung Shu*

Jei miške nuvirstų medis
ir niekas negirdėtų,
kokį garsą tai sukeltų?**

Mano kilnusis Seung Shu,
kokios neperteikiamos Jūsų mintys –
tik lengvas oro judesys tarp lūpų –
kinietiškas hieroglifas,
galįs sau reikšti dešimt tūkstančių daiktų,
žvaigždynų išsidėstymą po šimto metų ar
plaukiančių šventyklų kontūrus

Tylusis mano Seung Shu,
mįslingos kokios Jūsų akys –
jose gyvena meilė,
užvaldanti salas ir vandenynus,
šventuosius kalnus,
protėvių dvasias ir
varpo garsą, aidintį Visatoje

kokie lengvi ir peršviečiami Jūsų žingsniai,
Seung Shu,
lyg Budos delnuose nurimęs vėjas,

lyg laisvė, netrokštanti sau nieko – – –


* autorės sugalvotas vardas
** garsusis zeno meistrų koanas
2009

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my castle *

Timóteo - my castle * -
vem
já há centelhas,
já é Outono
sou ligeira -
criança dos serafins
as minhas cem asas
pesam como uma pedra

sem ti...

intervalos espinhosos
dos carnavais das sombras -
olha,
a minha mente
é um jarro esgotado,
a alma paralela
é a cadela

a agudeza dos importantes é tão frenética,
Timóteo,
amante do Outono...

asas dos serafins
não quero mais -
tenho saudades da pedra
sobre a pedra


* my castle – a minha fortaleza

Seung Shu *

Se uma árvore cai na floresta
mas não há ninguém por perto,
ela produz um som?**

O meu nobre Seung Shu,
tão inexprimíveis são
os pensamentos de você,
são só o movimento leve do ar entre os lábios
como um hieróglifo chinês
para ser
capaz de expressar dez mil coisas,
a localização das constelações em cem anos ou
os contornos dos templos flutuantes

O meu Shu Seung silencioso,
que misteriosos são os olhos de você,
neles mora amor,
conquistando ilhas e
oceanos,
montanhas sagradas,
espíritos dos ancestrais e
o som de sino, ecoando
no Universo

tão leve e
transparente são os passos
de você,
Seung Shu,
como o vento se tornando tranquilo nas palmas das mãos de Buda,

como a liberdade que não deseja mais nada...


* O nome inventado pela autora
** O famoso Koan dos maestros Zen
2009

Iš lietuvių kalbos vertė Margarita Kornejeva ir Nuno Guimarães